DESEMPENHO
Sócia minoritária da Aston Martin, a Mercedes-Benz fornece os motores e outros componentes para a empresa britânica. Na versão avaliada, o Vantage traz sob o capô o moderno e competente V8 4.0 biturbo que também equipa quase todos os Mercedes topo de linha na atualidade.
Com 510 cv de potência e colossais 70 kgfm de torque enviados para as rodas traseiras, a unidade de força garante acelerações de tirar o fôlego, sem abrir mão do controle.
O câmbio automático de oito marchas é suficientemente rápido para acompanhar e gerenciar tanto ímpeto, enquanto o ronco do motor, grave e agressivo, dá um show à parte.
São três modos de condução e o mais “manso” já é suficientemente esportivo.
Cada opção ajusta a sensibilidade do acelerador e o tempo de troca de marchas, bem como a carga dos amortecedores – que pode ser regulada separadamente.
As três opções também ajustam o nível de interferência dos controles eletrônicos de tração e estabilidade – a prudência recomendou rodar a maior parte do tempo no ajuste mais “civilizado”.
Diferentemente de outros esportivos que pude testar, impressionou a capacidade de o Vantage ser um animal relativamente dócil no dia a dia, sem apresentar dureza excessiva das suspensões nem raspar o para-choque ou o assoalho a cada irregularidade do piso.
Por outro lado, em uma tocada mais forte, o chassi bem equilibrado, com distribuição de 50% do peso em cada eixo, transmite segurança e percepção de controle.
DESIGN
Se a parte mecânica e outros aspectos do Vantage são variações de itens vistos e sentidos em modelos da Mercedes, o design, sem dúvida, ajuda a fazer do cupê inglês um bicho único.
Medindo 4,46 m de comprimento, este Aston é compacto e esbanja equilíbrio no que se refere às proporções da sua carroceria.
Na dianteira imponente, os faróis pequenos e esguios contrastam com a tradicional grade trapezoidal da Aston Martin.
Enxergar o cupê no retrovisor, definitivamente, tem algo de intimidador.
Ao mesmo tempo, o capô longo se integra naturalmente às laterais com linhas fluidas: nada de ângulos retos nem recortes exagerados, a palavra de ordem é elegância.
Como em outros modelos recentes da marca inglesa, a ousadia fica concentrada na traseira com estilo “rabo de pato”, com asa integrada à carroceria que incorpora uma fina faixa de LEDs que compõe a lanterna e os piscas.
INTERIOR E EQUIPAMENTOS
Na cabine com espaço para mototorista e passageiro, fica evidente que o Vantage – e outros modelos da Aston Martin – não é feito apenas de estilo e performance.
O cupê também não esconde que é, sim, um carro de luxo.
No habitáculo, quase todas as superfícies, incluindo a moldura da central multimídia, são revestidas de couro de alta qualidade, muito bem costurado.
Um bom terno ou smoking é o tipo de traje que combina perfeitamente com a proposta.
No exemplar que testei, a cor vinho predomina por dentro e compõe um belo contraste com o azul-escuro da carroceria. Vale dizer que não faltam opções de outras tonalidades e materiais de revestimento.
Já os bancos esportivos são confortáveis e ainda proporcionam bom apoio lateral na hora de pisar fundo.
Contudo, nem tudo é perfeito: o console central exibe muito plástico e contrasta com o requinte do restante da cabine.
Além disso, a central multimídia, também fornecida pela Mercedes-Benz, é de uma geração anterior da marca alemã e não traz tela sensível ao toque.
A respectiva operação é concentrada em um pad tátil no console, o que torna tudo um pouco complicado e nada intuitivo.
MERCADO
Alguns podem dizer que o Vantage no fundo é um Mercedes-AMG GT com roupagem diferente, mas isso não poderia estar mais distante da realidade.
A marca alemã sabe disso e, não por acaso, em 2023 vai elevar sua participação na Aston Martin para até 20%.
Mesmo com motor e outros itens da Mercedes, o Vantage tem personalidade própria, inclusive no que se refere à capacidade dinâmica, que traz um excelente balanço entre performance e conforto no uso cotidiano.
Para completar, o cupê, da mesma forma que outros modelos da fabricante britânica, é exclusivo sem custar tanto quanto uma Ferrari, por exemplo.



